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terça-feira, 26 de abril de 2016

A Criança e a Autoestima

A Criança e a Autoestima Autor: Jon Talber[1] Um breve estudo que avalia os processos que irão atuar de forma negativa ou positiva na construção da autoestima infantil... "Sem antes conhecer a si mesmo, torna-se impossível compreender os outros..." A Criança e a Autoestima O especialista em educação que não se tornou especialista na ciência da vida, é um tolo que se julga sábio... Um processo autônomo, como o gesto de engatinhar, ficar em pé e eventualmente andar, ou aprender a pegar, segurar alguma coisa, nada disso requer inteligência, uma vez que são processos involuntários, naturais, do mesmo modo que o são, o olhar, o sentir cheiro, o escutar sem direito a escolha. Já sabemos pegar nas coisas de berço, e com o tempo apenas vamos aperfeiçoar a técnica. E depois aprendemos a dar nomes aos objetos com os quais interagimos. E para nada disso é requerida a inteligência, pois trata-se de um mero gesto de repetição, imitação, assim como o faz um papagaio, que é capaz de reproduzir sons que se assemelham aos vocábulos humanos, mesmo sem saber o que significam. Criatividade, quando a aplicamos no mundo psicológico, não significa o estar apto a repetir ou imitar, a decorar pantomimas para depois praticá-las como se fossem habilidades. Podemos ter ideias, mas isso na verdade reflete apenas uma diferente forma de se ver algo já existente. Nesse caso, é uma ideia anterior que ora segue modificada com aparência de nova. E assim também ocorre com nosso comportamento, que se parece coisa nova, quando na verdade apenas o veículo somático, que é nosso corpo, é novo, mas não os hábitos incorporados. A insatisfação e satisfação, opostos de um mesmo estado, é a causa e o efeito de toda ação humana. É o que determina o que devemos ou não desejar, procurar obter, evitar. É o combustível que permite traçar nossos objetivos de vida. E a partir destes dois pontos equidistantes de uma mesma coisa, está centrada a incessante busca existencial do indivíduo, sendo também a base para a criação de todas as personalidades humanas. E disso também resulta a maioria dos estados emocionais do homem. Tristezas e alegrias, melancolia e euforia, medo e coragem, falta de confiança e confiança em si mesmo. Também os motivos causadores de cada um destes estados estão associados ao desejo de se obter satisfação. Isso quer dizer, o fato de ser aceito, bem sucedido, bonito, capaz, idolatrado, desejado, ter poder, e até ser o preferido das divindades. Compreender porque desejamos sempre mais do que exigem nossas necessidades, liberta a mente, o ego acumulador, da ânsia de fama e poder. Assim, ainda na infância, as expressões que identificam as frustrações banais próprias dos adultos, educadores involuntários e voluntários das crianças, não deveriam ser demonstradas explicitamente. Uma frustração adulta por qualquer motivo, que se torna coisa corriqueira, quando exortada diante de uma criança, sinaliza para a mesma que aquele comportamento é natural, que deve ser imitado. E embora intelectualmente aquela criança ainda seja incapaz de compreender o que está acontecendo e associar às causas motivadoras daquele estado, no entanto, os efeitos emocionais ilustrados pela ansiedade, agitação, inquietação, intolerância e irritabilidade, estes são de compreensão e assimilação imediata. Confiança em si mesmo é quando conseguimos enfrentar nossos próprios medos e limitações. É o sentir-se capaz de superar obstáculos que se apresentam como grandes problemas. Isso se consegue quando se têm automotivação, que é um sentimento de certeza interior. A certeza de que os problemas poderão ser superados não existe na mente de um medroso, onde lhe falta a confiança em si mesmo. Essa qualidade não é inata, mas produto de aprendizado, e é absorvido de pessoas que estão à sua volta, e na maioria das vezes tudo isso ocorre de forma involuntária. Já se sabe que uma criança começa a compilar informações que farão parte do seu repertório cognitivo e consequente personalidade alguns meses antes do seu nascimento. E ainda no ventre da mãe, ela escuta, recebe doses de adrenalina e outros hormônios diante das variações comocionais da sua hospedeira; cria dependências, intolerâncias e tolerâncias somáticas por drogas, sejam elas medicamentosas ou não. Nesse estágio pré-natal, ela também desenvolve antipatias ou simpatias por pessoas, orientada por timbres de voz e processos sonoros e a consequente resposta emocional da mãe. E tudo isso são assimilações, e mesmo que involuntárias, irão dar forma a traços importantes de sua personalidade, aquele recipiente gigante onde também está contido o seu temperamento. E depois de nascida, uma criança que convive diariamente com lamentações, sentimentos de mágoa, ressentimentos e autovitimizações, jamais terá forças para enfrentar seus dilemas pessoais. Terá sua motivação e energia pessoal canalizada apenas para expressar os estados de apatia e as frustrações, que são os sintomas naturais daqueles que insistem em cultivar mágoas e desafetos. Sentir-se-á ela incapaz de realizar qualquer coisa, exaurida, insegura por não se achar apta para nada, sequer para pensar com clareza. E quando adulta, acabará por repetir as lamúrias que lhe serviram de lastro cognitivo no passado. Desse modo, a autopiedade tornar-se-á seu mestre psicológico. E sob o domínio dessa força assediadora, não terá forças para reagir diante de problemas. Tenderá a depender daqueles que resolvam tais questões para si. Criamos então mais um acomodado, conformado, preguiçoso pela incapacidade de vencer a si mesmo; amargo por tentar identificar sempre nos outros os motivos para suas frustrações e insucessos pessoais. Do mesmo modo, quando se exige de uma criança a perfeição, acabamos por criar um individuo isolado do mundo, demasiado crítico, medroso de ser repreendido, cuja preocupação com a opinião alheia será mais relevante do que sua própria felicidade. Terá medo até dos próprios pensamentos, embora, na maioria dos casos, jamais descubra os motivos pelos quais age dessa forma. Mostrar desde cedo, com clareza e cordialidade, sem exigências de impecabilidade, que os problemas poderão ser resolvidos, desde que enfrentados com a devida coragem. E isso quer dizer determinação, qualificação e a vontade de investigar motivada pela dúvida. Essa base prepara emocionalmente a criança para encarar com lucidez essas questões. Do mesmo modo, é fundamental fazê-las compreender que os erros, longe de evidenciar fraqueza ou imperfeição, são os únicos guias para os acertos, sendo, portanto, uma das mais elevadas práticas cognitivas. Assimilado tudo isso, se tornarão naturalmente mais tolerantes, mais flexíveis em seus julgamentos e planejamentos. E então seus temperamentos inatos poderão aflorar de forma saudável. E se antes poderiam atuar como fatores deformadores da personalidade, agora poderão se tornar aliados na potencialização dos seus traços positivos ou virtudes. E, finalmente, devemos nos lembrar de repreender uma falha com orientação e esclarecimento, assim como os acertos com incentivo e dicas de qualificação. Lembrando que no processo de orientação, para que ela apreenda e tome gosto em dar atenção à informação que está recebendo, a paciência é um item insubstituível e inegociável. Do mesmo modo, um acerto não se incentiva com prendas ou elogios fáceis, mais com encorajamento, apreciação genuína, com exemplos e demonstrações claras e inequívocas de que aquilo tem algum valor.

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