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terça-feira, 26 de abril de 2016

A Criança e os Pensamentos Negativos

A Criança e os Pensamentos Negativos Autores: Jon Talber e Ester Cartago[1] Afinal de contas, por que precisamos replicar nossas psicopatologias mais bizarras e comprovadamente inúteis para nossos filhos? "Sem antes conhecer a si mesmo, torna-se impossível compreender os outros..." A Criança e os Pensamentos Negativos Do mundo não precisamos ensinar senão aquilo que é comprovadamente coisa útil... Como uma esponja, com extraordinário poder de absorção, assim é também a mente viçosa de uma criança. E ainda no ventre da mãe, alguns meses antes do nascimento, já assimila informações. Nascida, seus sentidos extremamente apurados, mais que o de qualquer adulto, já estão aptos a captar tudo que ocorre no seu entorno. E fará isso com a mesma voracidade de um animal faminto diante da sua primeira refeição do dia. É uma estratégia da natureza, uma vez que o cérebro humano, por ser muito mais complexo que o de qualquer animal irracional, precisa de grande flexibilidade e isso quer dizer muita informação. Assim ele é capaz de aprender mais de uma coisa simultaneamente, e depois memorizar as particularidades de cada uma delas, requisito essencial para a etapa seguinte, que é a construção de um formidável banco de memórias. Graças a essa característica, única no reino animal, a criança mais tarde será capaz de deduzir, o que quer dizer, pensar de forma organizada, lógica, e a partir daí planejar e agir. Nessa disposição ímpar para aprender, ela é capaz de apropriar-se de qualquer coisa, inclusive as más influências e os estados emocionais negativos dos adultos, especialmente os mais próximos. E sendo ainda incapaz de diferenciar o inútil e o útil, acaba por incorporar tudo que consegue captar sensorialmente ao seu próprio padrão de pensamento e idiossincrasias, e tudo isso logo se transformará em caracteres de sua personalidade. E a depender do estado psicológico desse orientador involuntário, terá construído uma personalidade que diante de um problema vislumbra possibilidades negativas, ou positivas. Terá ou não uma predisposição para julgar tudo pelo lado pessimista, ou otimista. Poderá crescer com a convicção de que se dará mal, ou bem, na futura vida adulta. Poderá ainda ter um sistema emocional que facilmente sucumbe às adversidades, ou ao contrário, uma forte disposição para enfrentar com altivez qualquer contratempo. Sempre lembrando que, cada detalhe de sua futura personalidade, cada modo como se comporta diante das contingências da vida, vai depender desse aprendizado inicial, da qualidade dessa pedagogia. Sim, coisas negativas, assim com as positivas, são ensinamentos, instruções, orientações assimiláveis, que poderão ser memorizadas, que poderão fazer parte do seu repertório cognitivo. Assim, tudo isso ela apreende e memoriza do mundo à sua volta, daqueles com os quais se relaciona, de forma indireta ou direta. A forma direta se dá através do convívio presencial, com seu grupo familiar ou afim. Indireta é a televisão, os livros, revistas, internet, as histórias que escuta, e assim por diante. E, se vive num ambiente conturbado e nosográfico, pela lógica, nosográfico tenderá a ser o seu estado emocional e padrão pensênico predominante. Caso o ambiente seja harmônico, a harmonia tenderá a refletir em seu comportamento. E o processo todo é simples: Se está em sua memória, será usado pelo pensamento. Terá assimilado de fonte conhecida com a qual tinha algum tipo de empatia ou vínculo. E nesses primeiros estágios de sua vida, estas fontes, provavelmente, serão seus parentes mais próximos. Do mesmo modo, otimismo e equilíbrio também se aprende. E a regra é a mesma daquela que é válida para a capacitação anterior, isto é, as ingerências negativas. Sim, trata-se de uma capacitação. Uma capacitação não reflete apenas as boas condutas ou comportamentos produtivos, pois, um mau hábito, embora seja algo indesejável, também é uma capacitação que foi desenvolvida, apesar de sua natureza nociva e indesejável. Assim, a criança pode se tornar um mestre em pessimismo ou em otimismo, e tudo isso depende daqueles que orbitam seu micro universo infantil, de forma indireta ou direta. Quando mãe ou pai se propõe a sentar-se com ela para ajudar nas tarefas da escola, isso, apesar de ser instrução, nessa fase de suas vidas, para a formação de sua psique emocional, como conteúdo cognitivo, tem pouco valor. Mas, ao contrário, o modo como aqueles adultos se comportam no dia a dia, a maneira espontânea como se relacionam com as pessoas e situações, o modo de falar, os hábitos, gestos, as queixas, e mesmo a maneira como interage ao sentar com ela, estes caracteres são as mensagens cognitivas mais importantes na estruturação psicológica indireta ou direta dessa criança. Uma queixa seguida de irritação, intolerância, agitação, gestos que suscitem o estado de violência, tudo isso também prepara, orienta, fertiliza o acervo emocional dessa criança, sugerindo uma futura reação semelhante. Quando a impaciência e seus efeitos emocionais controlam nossas ações e condutas, tais comportamentos atuam como importantes instrutores para esse novo protagonista, que ainda busca repertório para construir sua personalidade. Não tem ela, a criança, como separar aquilo que julgamos coisa inválida da válida, uma vez que ela ainda não é capaz de pensar de forma lógica. Mas, imitar até gradualmente atingir à perfeição, isso ela já é capaz de fazer. E assim, aos poucos, pelo exemplo diário, involuntário e voluntário, com a ajuda de aspectos do seu temperamento ainda adormecido e que acabam sendo estimulados por esse convívio, se capacitará. Assim ela se aperfeiçoa, e finalmente seu sistema emocional se adequa, aprendendo a reproduzir na íntegra, as pantomimas, vícios e manias dos mestres, passivos ou ativos, que estão à sua volta. Finalmente, devemos estar cientes que uma personalidade não é uma dádiva da natureza, mas da sociedade. A natureza não cria personalidades, mas antes disso, apenas a capacidade de imitarmos uns aos outros, e certas predisposições inatas, as quais podemos chamar de atributos temperamentais. E estes atributos, a partir de estímulos externos acabam por servir de caminho para a construção de cada personalidade. Se o temperamento inato é coisa potencial, ainda não desenvolvida, o comportamento do mundo já é coisa vigente, e é o que acaba predominando na formação das principais nuances da individualidade ou caráter. Desse modo, psicologicamente, nós criamos os personagens que serão nossos filhos, e não a misteriosa natureza que nos deu o dom da vida. A natureza detentora do dom da vida, não cria as personalidades, ou as preferências comportamentais que possui cada indivíduo, isso é papel da mente social, do meio onde vivemos, da mesologia da qual somos partes integrantes e atuantes. Lembre-se, instrução é toda informação que orienta ao outro como fazer determinada coisa, e para uma criança, isso não importa a origem. Se virá do mau caráter ou do indivíduo bem intencionado, para ela, pouco importa, pois a informação é a única coisa que sua mente cheia de frescor, ávida por conhecimento, considera relevante.

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